O desafio foi lançado pelo Município de Oliveira do Bairro: criar um mural com 73 m2 para o Museu de Etnomúsica da Bairrada alegórico ao local.
Este trabalho tem como premissa abordar a Arte Pública como forma dialogante, reflexiva e estimulante, democratizando o acesso à arte e nunca desprezando o território que é de todos.
A reconfiguração do espaço público cria novos significados para que junto do Outro haja uma valorização da sua identidade de modo a estimular a sua memória, contornando o seu quotidiano com diversidade para que este olhe para o lugar de uma forma sempre em descoberta e de procura. É assim, pois, transformar o espaço do Outro em lugares de memória.
A minha proposta expressa uma linguagem simples e imediata de maneira a ser acessível a todo o público para que este possa fruir, contemplar e, por vezes, interagir com a obra.
Assim, o projeto apresenta três figuras que remetem para o património cultural da Bairrada ligado à música tradicional. Cada personagem representa a música ou etnografia da região: os seus instrumentos musicais, os seus trajes e os seus objetos artesanais, bem como as suas tradições que envolvem e identificam todo o universo cultural e artístico.
O objetivo é que o Outro reconheça e sinta a obra como sua, como forma identitária do local e do seu próprio percurso pontuado com elementos alusivos à sua história. Assim, o meu papel é tentar aproximar o sítio às pessoas para que se torne num lugar da sua memória, permitindo um (novo) olhar com renovadas perspetivas.
A minha ligação à cerâmica desde o início do meu percurso fez-me logo pensar neste material de caráter permanente para reproduzir e eternizar o meu projeto. Foi necessário adaptar a minha paleta ao perfil de cor disponível nesta matéria.
(continua…)
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